A moeda brasileira segue derretendo conforme pioraram as expectativas do mercado financeiro com o desenho do pacote de cortes de gastos enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional.
Na noite desta terça-feira, as primeiras medidas começaram a ser aprovadas pelos parlamentares: a Câmara dos Deputados aprovou o texto que proíbe a ampliação de benefícios tributários quando as contas públicas tiverem um desempenho negativo.
Isso não aconteceu.
Segundo os analistas, essas despesas tendem a subir em velocidade acelerada e têm potencial de anular esse esforço do pacote em pouco tempo. O governo, contudo, é avesso às medidas, que mexeriam com políticas públicas e com promessas de campanha do presidente Lula.
Segundo o blog do Valdo Cruz, interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliam que o governo precisa dar uma sinalização mais forte na área fiscal, incluindo o anúncio de medidas adicionais às já anunciadas, para reverter de vez o cenário negativo que reina no mercado neste fim de ano.
Os aliados de Haddad acreditam que a aprovação do pacote já enviado ao Congresso vai ajudar a acalmar os ânimos dos investidores, mas as medidas não serão suficientes para derrubar o dólar.
Já no exterior, as atenções estão com a decisão de política monetária do Fed. Segundo a ferramenta FedWatch da CME, que monitora as projeções de participantes do mercado financeiro, 95,4% dos agentes esperam um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas americanas.
Juros menores nos Estados Unidos podem ser positivos para o Brasil. Isso porque, com taxas menores, os títulos públicos do país (considerados os mais seguros do mundo) passam a entregar uma rentabilidade também menor.
Assim, investidores buscam opções mais atrativas, justamente em um momento em que o Banco Central do Brasil (BC) está subindo seus juros — o que oferece maior retorno nos títulos nacionais.
Nesta terça-feira, o BC divulgou a ata de sua última reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a Selic, taxa básica de juros, em um ponto percentual, a 12,25% ao ano. No documento, a instituição voltou a indicar novas altas de mesma magnitude nos primeiros meses de 2025.