O último sábado (7) foi marcado por um evento inusitado em Cabedelo, na Grande João Pessoa: uma festa para celebrar o que a anfitriã, Yane Diniz, de 34 anos, chamou de “dezcasamento”. Arquiteta e multiartista, Yane usou um trocadilho para fazer referência à data que marcaria os dez anos de seu casamento para ressignificar o fim do relacionamento de 17 anos, encerrado em junho, após um divórcio conturbado.
“Era um dia muito importante para mim, e não queria que essa memória se tornasse um símbolo de fracasso. Celebrei não o fim, mas o recomeço. Fiz por mim”, explicou Yane, que recebeu 15 amigos próximos para uma reunião intimista, com direito a votos de amor-próprio, feijoada preparada pela mãe e um “buquê do dezcasamento”, que ninguém se atreveu a pegar.
O primeiro relacionamento de Yane terminou após a descoberta de uma traição. Ao decidir não tolerar a situação, a arquiteta conta que enfrentou não apenas a dor do término, mas também o peso das expectativas sociais sobre as mulheres.
“Como sou mulher feminista, pesquisadora, ninguém pensava que poderia acontecer comigo (...). Muitos me culparam por não cuidar direito da família, outros sugeriram que eu mantivesse o casamento pelo padrão de vida ou pelo meu filho. Mas a ideia de me sujeitar a isso era insuportável”, disse.
O divórcio, repleto de burocracias e disputas, foi doloroso, mas também libertador. Para ela, o processo revelou como as mulheres são frequentemente ensinadas a aceitar pouco para manter aparências.
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